sábado, 4 de junho de 2011

Família

Somente quem mora longe dos pais, vai entender exatamente o que vou dizer nesse post.


Há 10 anos atrás, meu pai surpreendeu a todos ao anunciar que iríamos nos mudar para Santa Catarina, pois havia recebido uma proposta da empresa que trabalhava. Ele sempre viajou muito para o Sul do país para atender aos clientes dessa região, e sempre teve essa vontade de sair de São Paulo para morar em algum local dessa região.


Foi uma bomba! Eu tinha 18 anos, vive toda a minha vida no mesmo bairro, estava de namorado novo... mudar de estado, sem conhecer ninguém era surreal de mais pra ser verdade. Na época, lembro de me sentir como naqueles famosos filmes americanos de adolescentes em crise em mudar para um lugar desconhecido.


Após o anúncio, tudo aconteceu muito rápido! Meus pais foram a cidade de Joinville ver casas, e minha mãe se encantou por uma. Estava tudo decidido, a data da mudança... a cidade, o bairro, a casa...


Mesmo tudo tendo acontecido em 2001, lembro que eu embalava minhas coisas chorando muito, parecia um pesadelo tudo aquilo.


No dia da mudança, um tio foi junto conosco em seu carro para nos ajudar a organizar tudo. Na viagem rumo ao novo estado, fazia muito calor na estrada, e em determinado ponto da serra, o trânsito parou. Havia um acidente de caminhão que tinha bloqueado toda a pista. Ficamos muito tempo parados, mais de 1 hora no meio do nada, no calor, sem água (eita aventura). Depois que a pista foi liberada prosseguimos viagem e chegamos na casa, e o caminhão da mudança já estava nos esperando a horas... Ai veio a outra notícia: não tinha luz na casa, e já tinha escurecido...rs... Hoje é cômico lembrar, na ocasião foi bem triste.


A adaptação foi muito dolorosa. Longe da família, amigos, em uma cultura totalmente diferente da nossa. Em uma cidade parada, com pessoas frias, foi muito difícil para nós. Cheguei a cursar 1 ano de faculdade em Joinville, e fiz um estágio também. Morei por aproximadamente 1 ano e 8 meses, e nesse período decidi tentar namorar a distância o rapaz que eu estava junto antes da mudança.


Resultado: a saudade foi maior e tive a infelicidade de tomar um decisão baseada totalmente na emoção: ir morar com ele na casa de seus pais em São Paulo.


De forma resumida, posso dizer que foi um período muito triste da minha vida, pois nosso relacionamento já não andava bem a distância, e próximos tudo foi piorando dia pós dia, por culpa de ambos imaturos (eu com apenas 20 anos, e ele com 18 anos). Morei na casa de seus pais por 2 anos e meio, até que consegui sair da casa deles, e mesmo desempregada fui dividir um apartamento com uma colega de um ex-emprego. Tudo só foi possível porque tive incentivo e ajuda financeira de um amigo da faculdade, que não aguentava mais me ver chorar tanto. Mas graças a Deus, Ele já cuidava de mim muito antes que eu pensasse em servi-lO, e em apenas 1 semana morando com a Paula, consegui um emprego.


Quando voltei pra São Paulo para morar com esse ex-namorado, transferi a faculdade de Administração que fiz em Joinville, mas tive que voltar para o primeiro ano... isso foi muito dificil para mim, pois a faculdade sempre foi um sonho. Mesmo passando muitas dificuldades ao morar com essa colega, não cogitei a idéia de voltar para a casa dos meus pais, pois eu sabia que mais um período da faculdade seria perdido. Eu participava do Projeto Escola da Familia, trabalhando todos os sábados e domingos em uma escola estadual, com projetos voltados a comunidade, para que dessa forma eu não precisasse pagar a faculdade, pois o meu salário dava apenas para as despesas do apartamento e algumas pessoais.


Era apenas o início da fase mais turbulenta da minha vida, que merece ser contada em vários posts.


Nesse apartamento chegamos a dividir o espaço com mais duas pessoas, depois fui para um casa no mesmo bairro, mudei para perto da escola que eu trabalhava, voltei para outra casa, até chegar no bairro que hoje moro, com ajuda de uma das "tias" que trabalhou comigo na Escola da Família, a Carla (mas quem disse que consigo chamá-la assim? rs... só consigo chamá-la de tia Carla).


A 8 anos não moro mais com meus pais. Joinville fica a aproximadamente 540 km de São Paulo. Como trabalho (Graças total ao Pai - depois conto o porque), só consigo viajar para vê-los em feriados, para aproveitar pelo menos 3 dias com eles.


Faziam 8 meses que não os via. Quando tinha algum feriado, eu tinha algum compromisso já marcado, ou faltava grana. Dessa vez, mesmo sem muita grana, resolvi vir ficar 3 dias com eles, e usei meu banco de horas para chegar aqui sexta-feira.


A ausência e a saudade que eu estava deles, já estava me fazendo muito mau. Falo com minha mãe praticamente todos os dias por telefone (Obrigada OI, pelo bonus para DDD... hahahaha).


Agora vou finalizar esse post, pois vou comer beijinho com a minha irmã, e ver TV com a minha mãe, algo tão trivial para tantos filhos, e que de repente nem deem mais a mesma importância de antes, mas que para mim soa com uma grande privilégio... momentos únicos com aqueles que tanto amo e que tanto me fazem falta.


Que Deus venha abençoar cada dia a minha família, para que um dia eles venham a ter Cristo, como hoje eu tenho.

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